22.8.07

BMW

Quando aparecer em um retrovisor as tradicionais grades dianteiras gêmeas, o motorista, por mais alienado que seja, sabe que ali atrás está um mito, uma das marcas mais influentes do mundo no setor automobilístico: BMW. E o melhor a se fazer é deixá-lo passar e contemplar, mesmo que por alguns rápidos segundos, antes que ele desapareça, seu designer sem igual.
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A história
A BMW (Bayerische Motoren Werke), em português “Fábrica de Aviões da Baviera”, começou com uma origem modesta em 1916, quando foi fundada por Karl Friedrich Rapp e Gustav Otto após a fusão de dois fabricantes de motores de avião da cidade de Munique: a Rapp Motorenwerke e a Gustav Otto Flugmaschinfabrik. Pouco mais de um ano depois, a empresa foi rebatizada com o nome que mantém até hoje. A Primeira Guerra Mundial proporcionou um crescimento rápido à empresa, que logo construiu amplas instalações a leste do antigo aeródromo de Oberwiesenfeld em Munique. Até 1918, forneceu motores para aviões militares. Sua história começou a mudar quando o Tratado de Versalhes, assinado após o fim do conflito mundial, proibiu à Alemanha de fabricar motores para aviões durante cinco anos. A BMW então, passou a fornecer motores de quatro cilindros para caminhões e barcos. A empresa deve o sucesso de seus produtos na fase inicial ao visionário engenheiro Max Friz. Um motor de seis cilindros para aviões, desenvolvido por ele, valeu à empresa o primeiro recorde mundial de sua história: o de altitude de vôo, com 9.760 metros, em 1919. Foi ele também que desenvolveu a primeira motocicleta da marca BMW, chamada R 32, com motor boxer de dois cilindros, lançada no Salão de Berlim em 1923. Utilizou então o princípio de construção mantido até hoje nas motocicletas da marca: motor boxer e transmissão secundária por eixo cardã. Porém a BMW precisava se estabelecer no setor dos carros utilitários com menores dimensões. Em 1928 compra uma fábrica de carros em Eisenach/Thuringia e, junto com ela, uma licença para produzir um pequeno automóvel chamado Dixi, baseado no Austin Seven inglês, com motor de válvulas laterais de 15 cv e 748 cc, que foi rebatizado com o nome de Dixi 3/15.
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O carrinho adquiriu grande popularidade, tendo ajudado a superar as dificuldades durante a grande crise econômica da época. Posteriormente, lançou-se no mercado o primeiro carro com logotipo BMW, também chamado de 3/15, devido à sua semelhança com o modelo anterior. Até o início da década de 30, o aperfeiçoamento visual e técnico tinha sido tão importante que os automóveis produzidos não lembravam em nada os modelos originais. Eram, no entanto, desenhos provisórios, pois nas oficinas da BMW já estava desenvolvendo exemplares de uma série de carros com motor de seis válvulas, que fariam a empresa famosa em toda Europa e lhe proporcionariam, inclusive, grande fama nos circuitos esportivos.
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Portanto, o modelo 303, lançado em 1933, foi o verdadeiro antecessor dos atuais BMW. Este modelo foi o primeiro automóvel com as tradicionais grades dianteiras gêmeas. No ano das Olimpíadas de Berlim, 1936, introduz o carro esportivo mais bem-sucedido da Europa na categoria de dois litros: o BMW 328. No fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a BMW estava totalmente destruída. Perderam-se as fábricas de Eisenach, Dürrerhof, Basdorf e Zühlsdorf. A sede em Munique também havia sido destruída. As forças aliadas vitoriosas proibiram a BMW de operar durante três anos devido à produção de motores de aviões e foguetes que ajudaram o regime nazista. Em 1948 a motocicleta BMW R4 com motor de um cilindro sai da fábrica de Munique sendo o primeiro produto pós-guerra. Somente em 1951 a empresa produziu seu primeiro automóvel pós-guerra, o modelo 501. Entrou em produção no ano seguinte, mas foi um fracasso financeiro. Em 1962, o modelo 1500 estabelece a tendência da filosofia de designer da empresa. É o primeiro da nova categoria de automóveis esportivos e compactos de turismo. Nas décadas seguintes a BMW, além de lançar modelos históricos, introduz tecnologia de ponta como em 1979 quando desenvolveu a primeira eletrônica digital para motores, fornecendo o primeiro modelo BMW de carro blindado e iniciando pesquisas para o desenvolvimento de motores de hidrogênio; ou como na década de 80 quando o sistema de freios ABS foi adotado na produção em série, e os primeiros modelos europeus equipados com catalisador (1984). No ano da queda do muro de Berlim (1989), a BMW atinge mais um recorde com a produção de meio milhão de automóveis.
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A linha do tempo
1956
Lançado o modelo BMW 507, um raro exemplar para os colecionadores mais abastados.
1971
“Só um BMW ultrapassa um BMW”, dizia a publicidade da marca no início dos anos 70. E o BMW 2002, principalmente a versão Tii, fazia jus ao anúncio. Produzido até 1975, foi um dos cupês mais importantes da década.
1972
Durante o ano das Olimpíadas de Munique, é produzido o primeiro automóvel da Série 5.
1973
Introduzido o turbo BMW 2001, o primeiro carro turbo produzido em série do mundo.
1975
Surgimento do primeiro automóvel da Série 3 em substituição a linha 1600/2002.
1976
Apresentados os cupês da Série 6.
1977
É a vez dos automóveis da Série 7 estrearem no mercado.
1985
O modelo 325 iX torna-se o primeiro com tração nas quatro rodas.
1988
Lançamento do modelo Z1 Roadster.
Também foi introduzida a K 100, única motocicleta do mundo equipada com ABS e catalisador.
1996
Lançamento do BMW Z3, primeiro carro BMW não produzido na Alemanha. O modelo ganhou fama através do filme 007 Golden Eye, onde o famoso agente secreto James Bond conduzia o BMW Z3 por estradas cubanas. Foi produzido até 2002.
1998
● BMW X5, primeiro veículo esportivo utilitário da marca, que se tornou um de seus maiores sucessos no mercado.
2003
● BMW Z4
, desenhado por Chris Bangle e lançado para substituir o famoso Z3, este roadster conversível de 2 lugares ganhou sua versão cupê em 2005.
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As motocicletas
A história da marca alemã com motocicletas começou antes mesmo da produção de automóveis, em 1923 quando o modelo R32, projetado pelo engenheiro Max Fritz, estreou nos salões de Paris e Berlim. Este modelo apresentava as características básicas das futuras motos da marca: motor boxer de 2 cilindros e transmissão secundária por eixo cardã. Era o início de uma história de sucesso. No ano seguinte o chefe de desenvolvimento Rudolf Schleicher desenvolve uma versão esportiva do motor R32 e o instala na motocicleta modelo R37, com a qual Franz Bieber conquista para a BMW o campeonato alemão de velocidade. Nos anos seguintes a montadora desenvolve modelos revolucionários como a R39, apresentada em 1925, primeira monocilíndrica da marca, com motor de 250cc e 6,5hp; a BMW R62, em 1928, com motor de 750cc, permanecendo como a moto de maior cilindrada da marca ate 1973; a R12, introduzida em 1935, primeira motocicleta equipada com suspensão dianteira telescópica; e quatro modelos, dentre os quais estão a R51, equipadas com suspensão traseira com pino oscilante em 1938. Com a Segunda Guerra Mundial surge a R75 militar equipada com side-car e tração tanto na motocicleta como no side-car. Em 1948, após o término do conflito, a fábrica da BMW estava praticamente destruída. Um pequeno grupo de funcionários conseguiu começar a montar novamente as motocicletas utilizando peças que sobraram dos modelos militares iniciando a produção com o modelo R24 de 250cc.
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Em 1951 é lançada a R 51/3, primeira motocicleta boxer do pós-guerra, que possuía novo desenho e tecnologia. Ficou conhecida como “a indestrutível”, tamanha era a resistência e qualidade das peças empregadas na sua fabricação. A fábrica de motocicletas se transferiu de Munique para Berlim, em 1970, aproveitando-se de incentivos do Governo alemão necessários para produzir uma motocicleta mais econômica que pudesse competir com as japonesas. Introduzindo então a série/5. Em 1973 são introduzidos os modelos da série/6, com modelos de maior cilindrada com 900cc, a R90/6 e a esportiva R90 S. Pela primeira vez uma motocicleta BMW de série ultrapassa a marca dos 200km/h. É a resposta alemã ao sucesso da CB750 da Honda. A BMW introduz em 1976 a série/7 incluindo a R100RS de 1000cc, a primeira moto de série no mundo de série com carenagem integral. O sucesso da carenagem foi tão grande que imediatamente os proprietários dos modelos anteriores atualizaram suas motocicletas incorporando a carenagem da R100RS. A divisão de motocicletas para competições, conhecida como BMW Motorrad, conquistou ao longo de sua história vitórias importantes como a primeira vitória no Rali Paris-Dakar em 1981 com o com Hubert Auriol, feito que se repetiu em 1983 e nos dois próximos anos, desta vez com o piloto Gaston Rahier. A marca também fazia sucesso no Rally dos Faraós e no Baja Califórnia. Em 1987 encerrou-se a participação da BMW como equipe oficial. Mesmo assim, a marca continuou obtendo destaque com pilotos que utilizavam as motocicletas da marca. Eddy Hau, por exemplo, venceu a categoria Marathon do Paris-Dakar em 1988 e Jutta Kleinschmidt, em 1992, tornou-se a primeira mulher a correr a prova. Após dez anos de afastamento, a BMW voltou a se envolver com o Paris-Dakar em 1998. No ano seguinte, o francês Richard Sainct venceu a competição. Em 2000, ganhou os quatro primeiros lugares, com Sainct em primeiro seguido por Oscar Gallardo e Jimmy Lewis. Em 2001 a BMW Motos mudou o foco e começou a organizar sua própria competição, batizada de Boxer Cup. A BMW produz exclusivamente motocicletas com mais de 500 centímetros cúbicos, das quais vende cerca de 100 mil unidades anualmente. O lucro com esta divisão para o Grupo BMW beira os US$ 100 milhões.
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O logotipo
O logotipo da BMW é uma lembrança do produto original produzido pela empresa alemã: o avião. Lembra uma hélice em rotação vista de frente. Muitos aviões eram pintados com as cores das suas regiões e aqueles da “Bavarian Luftwaffe” estavam pintados de azul e branco, correspondendo às cores do Brasão da Baviera. Foi criado depois que Karl Rath e Gustav Otto conseguiram permissão do governo alemão para produzir motores de avião em 1917. O primeiro carro a ter o símbolo da marca alemã foi o modelo Dixi 3/15 de 1928. Ao longo dos tempos o logotipo sofreu pequenas alterações que praticamente passam desapercebidas aos olhos dos consumidores.
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A nomenclatura
A montadora utiliza nomenclaturas, 3 dígitos numéricos seguidos de uma ou duas letras, para identificar seus modelos. O primeiro número é a série do automóvel. Os dois próximos números representam a deslocação do motor em litros multiplicados por 10. As letras significam: d = diesel; i = gasolina; x = all wheel drive, l = long wheel base; c = par. Por exemplo, o modelo 760il é um automóvel da série 7, com motor 6.0l movido à gasolina.
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A sede
A imponente sede da BMW, localizada perto da Vila Olímpica de Munique, capital da Baviera, é um enorme complexo que chama a atenção por um edifício original, conhecido como BMW Tower e chamado oficialmente de BMW-verwaltungsgebäude, com quatro marcantes torres cilíndricas, que pretendem simbolizar “prosperidade, autonomia e perfeição técnica com um toque de utopia”. Os dois pontos de referência no norte da capital bávara são contemporâneos. A sede central da BMW, projetada pelo arquiteto Karl Schwanzer, ficou pronta, por fora, em 1972, após quatros anos de construção, para os Jogos Olímpicos que se realizaram naquele ano em Munique. Somente no ano seguinte os funcionários se mudaram para lá. O complexo é composto ainda por um enorme e completo museu (inaugurado também 1973) composto por 326 carros históricos da marca e uma sala de cinema com capacidades para 100 pessoas onde são exibidos filmes que contam a trajetória da montadora. Á poucos metros do complexo está localizado o Centro de Pesquisas e Inovação da montadora. Entrar neste setor sem ser convidado é tão difícil quanto pronunciar o nome desse departamento sem saber falar alemão. O Forschungs und Innovationszentrum (FIZ) é o centro nervoso de todo o desenvolvimento do grupo BMW. Em seus prédios geminados, que vistos de cima lembram o Pentágono, estão guardados os segredos dos futuros projetos das marcas BMW, Mini e Rolls-Royce. Nele trabalham cerca de 8.500 especialistas das mais diversas áreas, desde engenheiros a designers e matemáticos. Todos pensando em projetos do futuro. Eles pesquisam novos materiais, combustíveis, formas aerodinâmicas e técnicas de produção, além de estudos voltados para as áreas elétrica e eletrônica. O acesso aos laboratórios só é permitido a "superfuncionários" como engenheiros, designers ou especialistas em computação, todos portadores de senhas especiais. A imprensa e curiosos geralmente são mantidos a distância.
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Os slogans
Em 1975 surgia o mais poderoso e influente slogan na história da indústria automobilística: “The Ultimate Drive Machine”. Em 1993, a BMW tornou-se o foco das atenções no IAA (Internationale Automobil-Ausstellung) em Frankfurt, onde lançou um novo conceito sob o slogan “Mobilidade é vida”. Atualmente a marca utiliza o slogan global “Sheer Driving Pleasure” (Puro prazer em dirigir). Veja abaixo como o slogan é interpretado em outros países:
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Pelo prazer de conduzir (Portugal)
Fraude am Fahren (Alemanha)
Le plaisir de conduire (França)
Piace di guidare (Itália)
Te gusta conducir (Espanha)
El placer de conducir (Chile)
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O valor
Segundo a consultoria britânica InterBrand, somente a marca BMW está avaliada em US$ 21.61 bilhões, ocupando a posição de número 13 no ranking das marcas mais valiosas do mundo.
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A marca no mundo
Presente em todas as partes do mundo, o grupo BMW emprega mais de 106 mil pessoas em 23 fábricas de produção e montagem espalhadas por 7 países e tem faturamento em torno de US$ 64.6 bilhões. Em 2003 a montadora alemã encerrou o ano com um recorde de vendas: mais de 1.1 milhão de veículos das marcas BMW, Mini e Rolls Royce, que pertencem a empresa. A lucratividade por automóvel vendido pela BMW é de US$ 3.500, segunda maior média do setor automobilístico.
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A marca em imagens
Clique nas imagens abaixo para ampliar e conhecer um pouco mais sobre a marca BMW.
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Você sabia?
De acordo com uma pesquisa feita com 67.000 oficinas mecânicas e reparadoras de automóveis dos Estados Unidos, a BMW é considerada a terceira marca automotiva que menos visita as oficinas, em segundo lugar é a Honda e primeiro lugar a Toyota. A sua maior concorrente Mercedes Bens ficou em quinto lugar.
Um pacote majoritário das ações da BMW, no valor de mais de €12 bilhões, encontra-se em mãos da poderosa família Quandt, de origem holandesa calvinista, que emigrou para a Alemanha em 1700. Foi em 1959 que Herbert Quandt assumiu o controle ao aumentar sua participação na empresa, que atravessava então uma séria crise, evitando assim que ela fosse à falência.
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Visite: www.bmw.com